sábado, 27 de março de 2010

Linha do destino



Sobre a linha do destino,
desatino-me em criar sulcos e atalho
como se às vezes eu quisesse segurar o tempo
e em outras vezes apressá-lo...


Nada faz muito sentido,
é um progredir instantâneo:
Nascer, crescer e morrer...
Para que tantos planos?

Como a bailarina do porta-jóias...



Às vezes,tenho a sensação de que a tua vida
é semelhante a da bailarina do porta-jóias antigo,
que se quebrou...

Quando eu era criança, gostava de mantê-lo aberto,
sem dar corda,
para que ela pudesse" presenciar a vida"
e não apenas,
rodopiar e dormir...

Pontual


Pontualidade é coisa de quem não tem o que fazer,
como posso ser pontual,
tendo o mundo inteiro para absorver?

Regresso


Voltar das férias é reativar metas, reorganizar os espaços, às roupas, às prioridades das responsabilidades; retomar contatos, buscar novas iniciativas e conhecimentos; rebuscar-se. Tornar-se a flecha que busca o alvo, segura e confiante ao estirar o arco da sua própria conduta e capacidade que lhe projeta ao vôo dos objetivos, dos projetos, dos planos e dos sonhos na audaciosa caminhada ao futuro. É a retomada do eu, que ficou perdido no desfrutar da areia à beira-mar, no copo de caipirinha antes do churrasco; no estirar-se ao sol à beira da piscina ou à sombra das árvores sobre a rede que balançava apenas os pensamentos leves, sem compromissos... O chimarrão na frente das casa com cordiais: "Bom Dia!", aos amigos e visinhos; a caminhada desestressante, muito mais o curtir as paisagens e ao passeio do que a busca frenética pela perfeição do corpo. O relax da alma, que respira aliviada por não estar presa ao relógio do tempo, de repente transforma-se no desafiador momento de encarar os fatos mundanos e correr juntamente com o corpo que exige parcerias às certezas, aos detalhes, às complexidades do trabalho e da vida cotidiana que nos tocam por diante, aparando-nos as arestas da liberdade em nome do crescimento pessoal e da prosperidade (palavrinha esta que engloba tudo que buscamos); e então é isto, voltar das férias e nos engajarmos aos comprometimentos diários da vida num mergulho profundo que possa garantir-nos o direito de voltarmos à tona e respirarmos com mais valor ainda, à liberdade (este direito ao descanso, indispensável a todo o ser humano).
Sejamos todos bem-vindos a mais um ciclo desta consecutiva jornada, com a saudade e a esperança de "nos largarmos" de novo.

Páscoa...



Páscoa é tempo de reflexão;
de buscarmos renascer na fé,
na amizade, na tolerância,
na capacidade de nos doarmos,
e, se preciso, é tempo de buscarmos o perdão...
Tempo de renovar esperanças; partilhar,
buscar compreender; semear sonhos;
fortalecer-nos...

Páscoa é alegria,
Jesus morreu e ressuscitou por nós...
Que nesta páscoa você possa refletir e resnascer;
sacudir a poeira das desigualdades, das injustiças,
dos descasos, das desilusões...
Que você possa acender nova luz,
naqueles sonhos que ficaram esquecidos...

Acorde!
Acorde para realizar o melhor de você na sua vida.
E o melhor de você,
está na sua paz, na sua fé, no seu sorriso;
na sua capacidade de ser você:
UM PERFEITO FILHO DE DEUS,
por quem JESUS deu a vida!

Feliz Páscoa!

Opção...


Quando eu poderia ter
abraçado o mundo,
abracei você...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Dívida de Gatidão...


( para Nelson Spolaor)

Nossa dívida contigo é tão grande!
Cada vez que nosso filho começa a sorrir,
já no final do domingo,
e ao entardecer da terça-feira...
Quando ele sai com a mochila nas costas
sentindo-se "igual" aos irmãos...
graças a tua sensibilidade
(sendo um homem púplico),
ainda assim,
ser capaz de tomar atitudes com o coração...

Meu filho hoje tem um "espaço qualificado";
nossa dívida contigo é eterna!
Te admiramos e te respeitamos
pela pessoa humana és;
Tu és especial
e quando uma pessoa especial chega ao poder,
faz toda a diferença...

Parabéns,
Continue sendo essa fortaleza humana e sensível,
sem te deixar abater pelos gananciosos e insensíveis,
que circulam pela política...

Tu és especial,
e somente pessoas especiais,
modificam o mundo...
Obrigada, por tornar a nossa vida mais feliz
(isto é agradecimento que só se faz aos verdadeiros amigos);
nós temos a grata satisfação
de termos descoberto
um verdadeiro amigo,
no "homem público"...

Tempero



No teu feijão havia cravo-da-índia,
no meu camarão,sagu...
Muita cebola e alho,
pimenta do reino com orvalho,
orégano e manjericão,
salsinha e alecrim, por fim,
temperavam nossas mãos...

sábado, 20 de março de 2010

Nossas Lembranças...




Onde quer que estejamos,
você e eu,
estaremos em contato com nossas lembranças...

Querido Mario Quintana

Agora que o poeta se foi
muito mais vão vender,
muito mais vão dizer,
muito mais vão saber
do que realmente
ele nunca tenha sido...
Por estar tão atento ao mundo,
acabou excluindo-se dele...
(dormiu de touca),
Só agora, que ele "dorme de sapatos",
é que vão fazer o caminho
que ele merecia ter percorrido...
junho/1994

Aflições

Minha aflição,
eu a carrego no bolso,
às vezes eu passo a mão e a abro,
mas volto a dobrá-la
e recoloco onde estava.
Nada pode ser mais hediondo
ou retumbante do que sobreviver...
Precisamos saber espiar aflições
e depois esconder...

Choro


Há em mim, um choro clássico de dor e saudade;
mas há também o choro
da criança que ainda habita em mim,
e pede por um milagre...

Território Perdido


...Preciso ficar mudo e então me calo,
às vezes,
nem com os meus pensamentos,
eu falo.

As corredeiras...


As corredeiras, inundam-se delas mesmas e vão...
Vão desenhando os seus contornos
de águas cristalinas,
espalhando-se pelo continente, indiferentes:
completamente indiferentes
a imensidão da América Latina

Olhar...


O teu olhar parece acompanhar,
a vastidão do mundo...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Inundação...



Só porque a poesia é um exalar de liberdade
Da alma,
Desmascaro-me diante das páginas em branco,
Envolvendo-me de alívio;
Desnudo-me por inteiro,
Sem medo, sem angústias, sem provocações.
Eu transformo o papel em espelho,
E deixo refletir minhas reflexões,
Em lugar algum há maior liberdade,
É o vôo da alma,
O fluir das idéias, dos sonhos, dos acontecimentos,
Um bálsamo de esplendor,
Uma explosão de cores inusitadas,
Um estar em tudo sem pertencer a nada,
Uma inundação de si mesmo.

Minha doce companhia





Eu sei apenas
Que posso ser um nada,
Na minha alma tosca e vazia
Se eu não tiver você,
Minha doce companhia...

Eu sei apenas,
Levantar-me e desbravar o dia,
Para preencher-te,
Seja com ações ou com alegrias...

Eu sei apenas
Socorrer-me, socorrendo-te,
Encontrar-me, encontrando-te,
Sem desperdícios...

Eu sei apenas
Que não suportaria viver,
Para eu mesma.
Resquícios de solidão...

Ilusão? Não;
Eu sei apenas,
E a duras penas;
Como eu sei...

De que lado você está?




Do lado daqueles que se jogam pelos ares
E alçam vôos...?
Dos que simplesmente plantam-se em vasos
Para jamais sair do lugar...?
Ou daqueles que observam a vida passar,
Como quem contempla os peixes no aquário...

Teu Tempo


Teu Tempo

Onde jogas teu tempo,
Que não podes parar para ler
Pinceladas poéticas ou romances
Com pitadas de humor?

Onde jogas teu tempo,
Que não buscas abrir as janelas dos sonhos,
Não arejas os porões das lembranças,
Dessas lembranças, carregadas de afetos?

Onde jogas teu tempo,
Que não buscas colher flores,
Inspirar novos odores,
Acariciando a suavidade das pétalas?

Onde jogas teu tempo,
Que não experimentas novos sabores,
Vivenciando novas cores, texturas,
Opiniões, movimentos?

Onde jogas teu tempo,
Que não corres pela areia macia,


Não te sentas ao chão de uma colina verdejante,
Para banhar-te de sol?

Onde jogas teu tempo,
Que não buscas olhar as estrelas,
Que não saes a bailar sob um guarda-chuva,
E, nem presta atenção na música que está a tocar?

Onde jogas teu tempo,
Que não consegues se quer tocar tua própria face,
Em tempo de descobrir que o teu bem mais precioso,
É o teu próprio ser?

Onde tens jogado o teu tempo
Tem dado tempo,
De ser você?

Vazio...



Há uma solidão que me absorve
De tanta falta de você...
De você que não chega
Mesmo estando perto,
De você que é eterna ausência
Mesmo estando, assim, ao meu lado.

Ah, que falta me faz você!
Como alcançá-lo,
Como interromper este vazio
Que se mantém entranhado
Mesmo sob os afagos e beijos...
Vazio carregado de desejos que satisfazem,
Mas que ainda assim, não preenchem...

Autístico Universo




Só as palavras nos preenchem e sintonizam,
Mesmo juntos, de mãos dadas,
Frente à mesma paisagem, mudos,
Não atingimos nada;
Cada qual tem sua visão descompassada,
Não há uma leitura simétrica,
Há apenas observações alienadas...

Meu autístico universo,
Eu na bolha, esta redoma
Que construo para eu mesma
E através da qual observo
Apenas ao que me detenho...
Bolha de introspecção
E de inquietação constante;
Universo de reflexões sem reflexos,
Luz que não atinge,
Escuridão sem sombras...

Liberdade


Cresci cultuada de esperança

e embevecida de liberdade...

sonhar...



Não sei se foi à forma
Como minha mãe me embalava ao peito,
Mas a verdade é que eu jamais deixei de sonhar...
Eu sei que sonharia mesmo que estivesse em Gaza
Sob um forte bombardeio;
Sonharia, eu sei,
Em qualquer circunstância,
Pois sonhar é o meu jeito de viver,
Talvez, eu até morra, sonhando...

Esperança...


Onde quer que plantemos

nossos sonhos,

estaremos semeando nova

esperança...

Nosso Olhar


Quando o teu olhar penetra no meu
E nos encontramos de fato,
Tudo passa a ter outra dimensão;
Pena estes momentos serem tão escassos.

Desnudo...




Enquanto a vida passa lá fora,
Eu fico aqui trancafiado
No meu calabouço pessoal,
Remoendo as tristezas,
As penúrias e as amarguras
De quem ficou na expectativa da vida,
Sem coragem de enfrentá-la de frente.

Pacífico expectador,
Submerso no descontentamento
Da falta de atitude, de sonhos, de planos
E de vontades...
O que me deixa desnudo,
Ao léu das oportunidades perdidas...
Para ser corajoso,
Não é preciso ter atitudes radicais ou soberanas,
Basta jogar-se a luz da própria vida
E deixar-se iluminar sem medo da própria sombra...

Segundos antes...

O meu primeiro sorriso ao amanhecer
É teu,
Meu olhar de ternura; o primeiro afago
É nos teus cabelos...
E tu me retribuis todo este encantamento,
Segundos antes de te perderes
Nessa ânsia louca que te leva a enlouquecer;
Enlouquecendo-me...

Loucura



A loucura é muito complexa
porque tem momentos
de lucidez...

Desatinada...




Fui te buscar,
No alambrado da noite
Como quem não teme a escuridão no horizonte
E saí pelas coxilhas em direção à fronteira.

Tu próprio foste à cordilheira
Que se levantou frente ao mar...
Quebrando a redoma dos meus sonhos,
Estilhaçando minhas expectativas de vida...

Mesmo assim eu te amei,
Enfrentei desafios
E sobrepujei ao destino...

Nenhum valor maior eu dei à vida
Se não a coragem;
Esta que encontrei me desafiando
Dentro do teu olhar...
E que persigo desatinada...

Antes que o amor acabe...


Antes que o amor acabe
Hão de se dar às mãos
E invadir os finais das tardes...
Percorrerão com sorrisos intensos
Jardins com pedras de jade...
Cruzarão pontes, portais, vielas;
Contemplarão telas, objetos de arte
E seus corpos nus...

Hão de sorver as delícias alimentares,
Degustar vinhos, licores, champanhes, conhaques,
Cafés...
Desfrutar dos presentes trocados,
Dos afagos apertados, dos beijos molhados,
Na crença da fé, não só da paixão,
Mas do amor;
Esse que parece impregnar-se
Na consciência, levando-os a procriar,
Como que querendo transpor o tempo...

O tempo esse, que se desprende
Primeiro encoranjando-os à vida,
Para depois desmanchá-los em pó,
Antes que o amor acabe...

"Plurificar"




A simetria das palavras
“Plurificam” as rimas de amor,
Que eu não te fiz...

Só tu...


Só tu me tocas
como quem toca uma flauta,
procurando por entre os dedos lugares sutis...
Só tu embalas meus sonhos
enquanto dorme de mãos dadas comigo.
Só tu me olhas com este olhar de lampejos
e entre beijos, apossa-te de mim...
Só tu afagas meus cabelos,
enquanto me aninho em teu peito;
por uns momentos te pertenço,
mesmo sem ter certeza de que possas existir...


Gosto de me cobrir de sol,
e enraizar-me nas lembranças...

A cumplicidade das lembranças



Havia em ti o silêncio,
Daqueles que gritam desesperadamente
Por compaixão...

Um toque de mãos, um demorado abraço,
Uma certeza de ter encontrado os laços;
Aqueles, que nos levam de volta no tempo...

Tortura louca
De buscarmos um no outro
A essência do que fomos...
A cumplicidade das lembranças.

Desalento





Tudo se perdeu,
Quando se perdeu a magia...
Olha; eu cresci embevecida de sonhos,
De esperanças, de possibilidades inusitadas...

Tudo se perdeu,
Quando se perdeu a inocência...
Olha; eu cresci entediada
De tanta verdade escondida
de tanta verdade calada...

Tudo se perdeu,
Quando as máscaras foram arrancadas
E a cega justiça enxergou,
Mesmo assim, não mudou quase nada...

terça-feira, 16 de março de 2010

Um patamar acima...


Até que enfim me chega você,
Um patamar acima de todas as recompensas;
Por que demorou tanto?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ocasiões


Para algumas ocasiões da vida,

é necessário estarmos pré-dispostos

a nos pré-dispor.

Nós...


Há um silêncio que nos habita,

e uma distância que nos mantém unidos...

Ah!

Se eu pensei

que te amava,

certamente te amei;

enquanto assim eu pensava...

O Show...


Quando o show começar,

onde será que você vai estar?

Atrás da cortina? Eu penso que não,

você é do tipo que sufocaria com pouco espaço;

e jamais ficaria só espiando,eu acho!

No picadeiro? Não me comprometa,

eu não me atreveria a lhe chamar de palhaço...

Talvez, como mágico,

destes que levam uma linda mulher pelo braço;

ou quem sabe o domador, para demonstrar

o quanto é macho...

Trapezista? Não: desisto, você não é do tipo

que cai em redes...

Você é liso, descolado... Mas equilibrista?

Nem insista, você não sabe andar em linha reta,

muito menos ficar sem olhar para os lados...

Malabarista,não, você é um pouco desajeitado,

quero dizer, atrapalhado com as maõs...

Quem sabe será você o cara da moto,

no globo da morte, afinal,

para quem passou a vida andando em círculos,

você até que está preparado para tal...

eu sei que a esta altura, você já quer revanche,

deve estar louco para perguntar,

onde é que eu vou estar?

Não se preocupe, eu respondo sem medo de errar,

eu sou do tipo anônima, eu fico do lado de cá,

faço parte da platéia; rio, me divirto,

aplaudo e pago o ingresso...

De alguma forma eu contribuo

para o show não terminar...

Palhaços...

Os palhaços não são iguais,
porque as alegrias são diferentes...

Amigos

São luzes que se acendem
mesmo na escuridão dos abismos...

Abraço


HÁ VIDA POR DETRÁS DE UM ABRAÇO,
HÁ SENTIMENTOS E LAÇOS PARA JAMAIS ESQUECER...

Acordos





Travando minhas batalhas de vida,
tenho procurado fazer alguns acordos com Deus
e Ele tem tido clemência, pactuamos trocas,
revemos posições ;todas emocionais...
Tenho me valido desses acordos para me manter lúcida,
parece insano, mas engano, é real.
Tenho feito algumas trocas,
tipo toma lá–dá-cá,
Ele já me alongou o prazo de validade,
e é por isso que eu tenho ainda mais pressa de viver,
realizar os planos, deixar caminhos traçados,
não suncumbir a esmo,
pois afinal, seria um blefe
e eu não poderia blefar com Deus.

Muito Cansada

Passei um pano por todo o chão de estrelas,
Enxagüei e torci a chuva,
Soltei as nuvens,
Que ficaram presas no portão...
Havia sois pendurados frente aos espelhos
E alguns anéis de saturno estocado a esmo,
No porão;
Não que eu estivesse delirando,
Mas eu estava muito cansada,
Quando acordei,
Havia um anjo segurando minha mão.

Castigo?




Doi-me tua ausência,
doi-me a falta que me faz,
doi-me lembrar-te,
doi-me saber que jamais estarei contigo,
se a vida é o castigo,
o quê a morte poderá ser?

Doi-me a dor da solidão,
do vazio interminável,
doi-me a cruel incerteza
de não saber o que somos,
de onde viemos, para onde vamos
e por quê?

Doi-me, a dor
de doer...

Se a morte é o castigo,
o que a vida deve ser?

Desconhecido


Preciso falar do desconhecido,

porque o que conheço

não me basta...

Absolvidos




Esperanças, ilusões, fracassos,
tudo diluído no mesmo copo...
Basta uma pedra de gelo,
um leve balançar e estamos absolvidos,
absurdamente absolvidos de nós mesmos.

Desmoronamentos...


Hoje, tenho a tarde toda
para passear pelos meus pensamentos,
subir os degraus das recordações
e buscar nos lugares mais altos as alegrias
que guardei, deixando-as para depois...
Um depois que nunca veio acontecer.

Terei tempo de caminhar
percorrendo todo o andar da certeza,
da coerência, da segurança...
apoiando-me ao parapeito da sacada
por onde vejo, bem lá embaixo,
o jardim que não desfrutei...
(não ousei correr grandes riscos).

Talvez hoje eu possa cruzar
por aquela porta toda iluminada,
que sempre me intimidou...
Quem sabe até, eu consiga, abrir as janela
para que entre um pouco de luz aos porões
das lembranças dos medos, dos indefesos segredos,
das trancafiadas emoções...


Talvez, eu encontre, por fim,
o verdadeiro relógio do tempo
no final de algum corredor,
tendo a oportunidade de retornar os ponteiros
e refazer alguns caminhos...

Não há grandes arrependimentos,
mas houve deslizes que provocaram
alguns desmoronamentos, em mim...

Destino




...E eis que entrarás esguio e reto
Sob o esplendor da luz,
E apreenderá em ti a vida
Como um menino que tenta segurar
A água com as mãos,
Pois esta já se esvai, desde o instante
Em que a seguras...

Assim a vida passará por ti
E tu por ela,
Haverá muitas portas e janelas
Para abrir...
E um corredor de imensos segmentos
Que deverá buscar e perseguir
Em uma única e não tão reflexiva direção.

Mais na intuição do que na consciência
Tu vais construir tua aparência
E as formas se desencadearão para todos os lados
Em mais caminhos que se trançarão
Em entrelaçamentos quase sem fim,
Até que tudo se acabe

E reste por fim, só a tua alma:
Essa essência energética que conduz,
Crucificando-te metodicamente como uma lei,
Que dá todas as regras para jogares limpo
E cobra todos os atos impróprios ou inoportunos.
Hás de tecer a tua própria teia
E absorvido por ela, então,
Terás o teu destino...

































Amores




O amor,
Esse que só se encontra em versos
Ou nos beijos enlouquecidos dos atores;
Ah, amores!
Desses de passos que correm
E braços que se abraçam
Girando os corpos, na alegria da paixão...
Tesão que acende,
Luz que intensifica olhares,
Peles, cheiros, sabores...
Ah, amores!
De pegadas na areia com fundo musical
E câmera lenta...
Para nós dois; simples mortais,
Não profissionais em romances,
Apenas amadores,
Parece que sobraram amores,
Não estamos indo assim, tão mal...
Afinal, sobrevivemos ao tempo e a dor,
Se isso não é amor,
Com certeza não é virtual.