quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Que te baste...


Que te baste
na minha ausência
outros sorrisos,
outros toques de mãos.

Que te baste às canções
que me trarão à tua presença
em pensamentos...

Que te baste outros olhares, outros afagos;
apenas minha lembrança em algumas fotos, alguns vídeos;
os momentos que não puderem ser esquecidos...
Que te baste a vida que percorremos juntos
quando eu for ausência,
que te baste saber o quanto te amei
em cada momento... e como eu te amei!

Que te baste a vida
que tens ainda para seguir...
Na minha ausência,
que tu te baste!

Mamãe é Dez...


Ela amarra os cadarços em meus pés,
Dá beijinhos,
Arruma-me o casaco para que eu vá
"Bem Mauricinho"...
Fica olhando-me, como que contando os meus passos
Até não mais me avistar.

Mamãe é Dez,
Fica na ponta dos pés,
a me ascenar...
Parece até uma despedda sem fim,
Ela gosta muito de mim;
Mamãe poderia ser nove...
Ela sempre me promove,
Diz para todos que ue sou uma graçinha...
Mesmo que ela fosse oito...
Eu ainda assim seria o seu garoto favorito.

Pode ser que existam mães, sete, seis ou cinco;
Eu não acredito,
Elas parecem tão iguais
E nos amam tanto...
Não existem mães de zero a quatro,
Isto eu posso afirmar,
Mãe que bate, espanca, agride,
Sem ter uma desculpa educativa ou de proteção,
O que já é de se questionar,
Não é mãe, é dragão!
Corre, caí fora, procura o conselho tutelar
Mãe é para confortar...
É para dar proteção, alimento e carinho...
Pode ser magra, gorda, velha, moça,
Desdentada, nariguda, muito alta ou baixinha...
Mãe sabe nos olhar, nos acariciar, nos perdoar,
Pode não ter dinheiro para nos dar um sorvete,
Mas vaí nos balançar contente no balanço da praçinha.
Mãe que não tem tempo, não tem hora,
Daquelas que às vezes até dorme fora,
Mas não se esquece da gente...
Vai encontrar um segundo,
Para nos olhar bem fundo e incentivar a seguir em frente...

Minha mãe é Dez,
Hoje já não amarra mais os cadarços nos meus pés,
Já estou cescidinho o bastante,
Mas passa a mão suave sobre a minha cabeça
E ainda me beija como antes...

Eu e minha mãe...

Mamãe sempre tem flores sobre a mesa,
Que busca em nosso jardim...

A porta da frente mantém sempre aberta,
Como se a rua fosse uma extensão da própria casa.

O café preto sobre a mesa da cozinha
E o chimarrão nas tardes de domingo...
Escreve em seu caderno de rabisco
E seu rosto se ilumina quando riscos viram poesias...
Minha mãe carrega no olhar a expressividade
Das angustias, das desilusões da vida...
Mas ri contando suas paixões, cantarolando lindas cantigas,
E ainda que desiludida, torce pela vida dos outros e dos seus...
Mamãe é assim, um poço de insegurança,
Mas se pesarmos na balança,
Equilibra-se na vontade de viver...
Faz planos, mil projetos,
Mas acaba sendo concreto, seu mundo...
Do qual faço parte, eu, seu filho do meio.
Eu a observo, sou seu eterno fã,
Minha mãe, meu talismã...
Que enche de sol minha vida.
Minha mãe é uma boa pessoa,
Confusa, deajeitada,
Mas nos abraçamos, rimos e choramos,
E ainda encontramos tempo para boas gargalhadas...

Minha mãe precisa ler...

Minha mãe é diferente,
ela precisa ler
enquanto toma café
ou faz a lida da casa.

Vai abrindo algum livro,
lendo uma ou duas páginas,
estende a roupa no varal
e volta ao capítulo tal...

Sobe a escada, arruma as camas,
lê mais algumas páginas e me chama:
-Filha alcança-me a vassoura,
trás a pazinha também;
enquanto isto ela lê mais um paragrafo,
eu sei!
Mas ela consegue ainda,
tempo para cantarolar músicas do tempo da minha avó.
Minha mãe é como ela só,
completamente estranha...
Com a colher em uma das mãos, mexe o feijão,
com à outra ela segura a caneta
e vai rabiscando o que lhe vem à cabeça.

Minha mãe é quase uma aberração,
vive em dois mundos diferentes,
num ela vive de sonhos,
no outro ela "esbarra na gente"...

Acho até que ela é feliz
reclamando da falta de tempo;
mas uma coisa eu não entendo,
como é que ela consegue fazendo
"tudo torto",
manter ainda assim,
"tudo direito"...

Minha mãe só precisa ler e escrever,
o resto tudo para ela,
é apenas passatempo...