quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Hoje acordei decidida...
Quero sair para comprar um caderno de pássaros.
Meu irmão zombou: " Não sabia que pássaros tinham cadernos!"
Meu pai levantou os olhos sobre os óculos na ponta do nariz e sussurrou: " esqueceu-se das borboletas..." e voltou ao que fazia. Minha mãe instalada na cozinha com duas de suas irmãs, separavam feijões enquanto riam e tomavam mate ( chimarrão).
Sim, pensei, talvez eu queira voar mais alto. As borboletas ainda me encantam, mas os pássaros de repente roubaram a cena... Pombinhos, bem-te-vis, canários, pardais, pintassilgos, tesourinhas, andorinhas, rouxinóis, sabiás, quero-quero, beija-flor...
Queria um caderno daqueles com folhas cheirosos e capa dura repleta de aves delicadas. Em cada página uma gravura sutil de aves em tons pasteis quase desbotadas...
Preciso encontrar, acho que até mesmo sonhei com blocos de anotações repletos de flores e pássaros em suaves galhos de árvores aquareláveis.
- "Para que serve um caderno de pássaros?" Perguntou minha irmãzinha caçula, ainda, com a chupeta entre os dentes.
Não sei ao certo ainda, respondi, preciso tê-lo nas mãos para ter certeza. Passei com rapidez pela porta onde ficaram balançando os "sete sinos da felicidade", desci dois degraus que me levavam direto ao portão de ferro torneado que me remetiam ao tecido da saia da minha mãe, que correu à janela, perguntando: "- Vai sair sem tomar seu café?..."
Fiz um aceno já da calçada onde em passos largos, perguntava a mim mesma (sarcasticamente), se ela tivesse me oferecido ALPISTES, eu teria voltado? Rindo sozinha pela rua, eu acho até que voava.




Da coleção " Pequenos contos sem fim" / (onde abro espaço par o leitor terminar o conto para mim. ) Atreva-se a continuar... Logo aí embaixo nos comentários. Vou adorar sua participação na página. Abraços
E S Friedrich

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