terça-feira, 14 de julho de 2015

Uma de minhas "cenas" autisticas...Momento banho.
...Há, se eu pudesse lavar a alma; não tenho culpa, mas vivo pedindo perdão. Quando me aborreço de fato,aí sim, agradeço! Preciso acreditar que não é em vão: ....Quando ele sai do banho há uma lagoa e me vejo sem bote, dos cabelos escorrem águas pelo pescoço, a camista fica molhada e ele ri, veste o calção com as pernas muito mal enxugadas e calça os chinelos, sai... corre, gira, pula, grita, bate-se... Seu mundo é uma orquestra desafinada; são tantos gritos, ruídos e gemidos, tudo tão intenso e constante... Eu enxugo a lagoa, represando meus pensamentos enquanto ele já está criando sua cascata de refrigerante... Abre e fecha a porta da geladeira em vezes quase incontáveis... Liga e desliga as luzes ao passar pelos interruptores, num vai e vem frenético por todas as peças da casa; corre ao pátio ao ouvir sons de moto, avião ou helicópteros, retorna pega objetos e gira com eles em velocidade, coloca de volta no lugar, pega outro e, aquilo não tem fim... Volta a tomar refrigerante, outra cascata do copo a mesa, da mesa a cadeira, da cadeira ao chão e ele e se assusta com a minha atitude e tenta limpar... Prá que? Agora tenho ainda um pano que era novinho e limpo para torcer...( rsrsrssss) Corre, bate forte contra um móvel, imóvel estou eu... quando penso ter terninado , olho para o outro lado e o chuveiro está ligado e tudo vai se repetir... Preciso acreditar que não é em vão... Fico mais atenta, enxugo-lhe, passo o secador sobre os cabelos evito a lagoa, ajudo a vestir-se. corro na frente e sirvo o refrigerante... evito a cascata, Guardo o refrigerante e evito a função do abrir e fechar da geladeira... Ah, os interruptores... estes, me resta pensar que soltam vagalumes e deixo-os à piscar... Enquanto ele grita e corre no seu ritual frenético eu tento achar um tempo p/mim. Já lavei a alma... tudo é riso, sorriso... amanhã é outro dia.

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